Por muitas vezes me peguei praguejando e cheio de inconformismo por meu pai não se aposentar logo. Dedicou mais de um terço de sua vida ao serviço público, tendo de conviver com uma corja de bandidos que faziam da máquina pública um meio de vida e muitas vezes com algo que o frustrava mais ainda, a lentidão, ineficiencia da mesma, devido a uma política de bureau que atravancava soluções e frutificavam árvores de desperdício. Bem, hoje compreendo um pouquinho mais a cabeça do meu velho. Hoje, ele é tido como reserva moral da instituição em que trabalha, isso pois, com o tempo, aqueles que faziam da corrupção sua bandeira, foram caindo um a um, bem como aqueles que praticavam algo mais parecido com prostituição do que pragmatismo político. Outro exemplo que tenho é meu tio Armando, que algo diferente de meu pai, era mais atuante e pelo seu dom de escrever e cunhão (aqui no nordeste se diz: cunhão, quem sou eu para desprezar a sonoridade de tal substantivo!?) de aço que sempre teve, não deixava palavras engasgadas, ou qualquer resquício de retrucão não dado, que pudesse causar gastrite depois de digerido, e o mais importante: tudo com muita classe e bom humor. Bem, a vocês meus, chamo de heróis, pois continuam desempenhando suas funções, como exemplo de humildade e respeito, vocês conseguiram mais do que se destacar, chegaram onde chegaram porquê merecem mais do que um conforto proporcionado por uma aposentadoria merecedora, merecem respeito, quanto a "concorrência" deixem que falem, escarneçam, pois falem bem ou falem mal, que falem de vocês, mas não tragam desaforos para casa.