segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Última chamada...

Estou em uma sala de espera ampla, bem ilumida pelos raios de sol,
que atravessam as grades de uma janela escancarada.
Uma criança gorda, sentada a minha frente, vestindo uma camisa listrada e um jeans
coloca o indicador na narina direita e sem que sua mãe perceba, distraida com
uma revista de fofocas, limpa-o no estofado da poltrona.
O relógio marca dez minutos para meio dia,
minha fome já se faz presente, não sei por quanto tempo permanecerei aqui.
O senhor de barba grisalha parece ter passado anos aqui, afinal o jornal que lê
ainda em tipografia e de uma cor amarela que denuncia sua idade.
De repente quando anos passados, e a esperança de deixar o recinto me quase me falta.
O letreiro informa da partida de meu vôo, adiado por tanto tempo,
por tantos motivos e percalços,
o destino é incerto, mas o que esperar de algo como o amor!?

Sono

Meu estômago está cheio,
minhas pálpebras pesadas,
meu corpo cançado,
mas resisto, pois na escuridão de meus sonhos
me esperam fantasmas aterrorizantes e o sombrio de meu
sono os alimenta.
Meus olhos ardem e luto contra o desgate de minhas forças,
minha vontade aos poucos vai se desfazendo em uma cortina
de névoa e surrealidade,
me entrego.
Para minha surpresa, desperto em um campo verdejante,
o céu azul a sombra de uma bela arvore,
alguém sussurra em meu ouvido:
-repousa que teu sono vigio, aquiesce tua alma e descança teus lamentos.
Então fecho meus olhos e me entrego ao mais profundo torpe,
de não ser absolutamente nada e de ser parte de tudo, sinto uma paz indescritível,
e arremessado pelo despertador sou trazido de volta ao mundo dos despertos.