segunda-feira, 8 de setembro de 2025

... sobre orquideas amarelas, amor e muito barulho por nada...

Entre risos que se escondem em máscaras,
como em Muito Barulho por Nada,
o coração se engana,
e a língua afiada da mulher irascível
afasta o afeto como vento frio sobre pétalas.

Mas há, no jardim da vida,
orquídeas amarelas que brilham como auroras,
florindo apenas sob mãos pacientes,
regadas não com pressa,
mas com o cuidado de quem entende
que a beleza precisa de tempo para respirar.

O amor, delicado como caule tenro,
não tolera espinhos de ira.
Prefere a calma, o cultivo,
a conversa que aquece,
o gesto que protege,
o olhar que reconhece fragilidade e força.

Pois só assim,
quando a ira se cala
e a ternura floresce,
as orquídeas — e o próprio amor —
permanecem vivos,
vencendo o ruído do mundo
com o silêncio luminoso da cor amarela.

mais um soneto...

Quando a paixão se veste em riso vão,
e a língua ferve em ira descuidada,
o amor se perde em turva confusão,
qual flor sem água em terra ressecada.


A orquídea amarela pede ardor,
não gritos frios que nada sustentam;
vive da mão que rega com primor,
e dos silêncios doces que a alimentam.


O coração não sofre voz cruel,
nem tolera o açoite da aspereza;
anseia antes por gesto terno e fiel,


que lhe conserve a luz, paz e beleza.

Assim o amor, se rega-se com calma,
não morre ao ruído: floresce na alma.

Soneto das Orquídeas e do Amor


No riso vão da peça em disfarçada,
onde o rumor é tudo e o afeto é nada,
ergue-se a voz irada e descuidada,
que afasta o bem, qual flor mal cultivada.

Mas no jardim a orquídea amarelada
pede à mão terna a água esperada:
se o zelo vem, mantém-se iluminada,
se falta o amor, definha abandonada.

O coração que ama é delicado,
não sofre o peso rude da aspereza,
precisa paz, cuidado e ser regado.

Assim a flor resiste à incerteza,
pois mais que o som do riso desvairado,
vive o silêncio doce da beleza.