domingo, 2 de dezembro de 2012

Bartolomeu Bueno Prado


Estava eu,
um negro de vinte e sete anos,
vividos aos pés do arado, e com o arado nas mãos,
a dormir em casa de senhorio...

Lili, como era chamada a sinha-moça,
deslumbrante virgem de quatorze anos, ainda velava a morte do coronel,
triste vítima de um tiro acidental de seu capitão-do-mato.

Desfilava na casa-grande, de camizola apenas...

E eu a vigiar a segurança dela e da sinhá...

Era noite quando no quarto,
a dormir, em seu branco leito...

A acordei...

Descuidado, ao pisar no assoalho de madeira, já velho e mofado por falta de manutenção...

Assustada não piou, ou teve qualquer reação quando sentei a seu lado,
de olhos ternos, parecia não me temer, algo raro naquela região...

Toquei seu rosto e deslizei minha mão por entre seus seios, que mais pareciam duas uvas ainda verdes e duras... sem qualquer receio, arrisquei um pouco mais... pus minhas mãos em suas desnudas pernas em direção ao que me parecia inatingível...

ela me olhando com carinho, nenhuma reação esbossou...

a violei...
a fiz sangrar...

ela não gemeu...

arriscou um grito de dor que foi impedido por minha mão negra e rude em sua boca...

depois de um tempo já havendo satifeita minha vontade esperei que voltasse a dormir em meio a rubra cor da mancha em seu lençol.

A visitei muitas vezes e por muitos anos...
Até que um dia ela me foi levada por um doutor da capital...

mesmo assim,

nunca me arrependi de ter dado cabo do coronel.