terça-feira, 17 de maio de 2011

Despedida de um caiçara...


Por muito me importar com a vida, com as consequencias, com os pecados e com as penitencias, vivi muitos dias a me punir por tudo que fiz ou deixei de fazer. E só  o que encontrei foi dor e sofrimento, perdendo minha identidade e minha vontade de continuar vivente, a esperar o perdao de quem não sabe perdoar e a confiança de quem desconfia da própria sombra e de si mesmo.
Por certa vez fui ao inferno e por pouco não me afundei minhas forças vitais em drogas que me deixaram dependentes e cada vez mais distantes de minha patologia, algo que faz parte de mim, por esta ser incurável e apenas tratável. Algo desintoxicado e sem viver em busca de conselhos de autoridades ou daqueles que me amam, me desvencilho agora da terapia de prestar contas buscando pensar menos e tocar mais a vida como ela toca em mim.
Por ocasião de momento e experiencia de vida sem preço quase fui ao inferno, tal qual Dante, por um instante de minha vida, algo que se aproximou de uma quase morte, onde me despersonalizei totalmente, labilidade a milhas de distancia, personalidade quase que extinta, longe do eu, de mim e de Você.
Agora percebo que a vinda a superfície foi para tomar folego, pois tal qual aprendiz de marinheiro, é preciso se tornar um homem do mar pois não se aprende a navegar enfrentando as tormentas do continente.
Me desvencilho das obrigações e do julgamento, seguirei minha vida abençoado a partir de hoje por Baco, Apolo, Afrodite, Ades e todos os deuses que são mais humanos que divinos, a partir de hoje serei apenas homem, sem luz, pois fecho meu coração ao que me julga e fujo da luz pois a escuridão que hei de enfrentar me fara valorizar ainda mais o calor do dia que há de surgir quando do resgate por aquele ou aquela que além de gritar "Homem ao mar!" teve mais amor e pulou em socorro de minha alma.
Por fim espero ser salvo, pois tenho esperança de não perecer em águas tão profundas que me impeçam de ver a mão Daquele(a) que me salvou na última vez.