sábado, 26 de novembro de 2011

Nem tão pouco o homem...


Tento sempre o melhor... mas a satisfação nunca fez parte de meu dia, tão pouco de minha noite... meu sono não conhece a paz, o contentamento, a ternura da consciencia tranquila e dever cumprido... seguem em angustia, pois sempre tenho a sensação de que podia ter feito diferente, ter feito a mais, ou simplesmente de que poderia ter feito algo. Descontente, comigo, com o mundo, pelo mundo ser tão complicado, por não lhe entender em sua plenitude. Quantos segredos estão embaixo daquela pedra que de tão distraido me recusei a parar para levantar? Quantos segredos esconde o sorvete que deixei de tomar na tarde de hoje? Quantas verdades poderiam ser escritas, mesmo que um dia se tornem mentiras, se me deixaste te conhecer melhor. Sei que o rio em que se banha o homem nunca sera' o mesmo rio, nem tão pouco o homem.

Mais uma do Manduca...

"HODIE"!

A cor sépia que tinge minhas lembranças vive a me intimar para o futuro, sempre a me cobrar que existem apenas dois dias na vida em que não se pode fazer nada: ontem e amanha. Portanto, sei que apenas hoje é que o amor pode acontecer. Na ilusão do amor, adorno minh’alma, ativo neurônios, acumulo esperança. Num ritual medieval, escolho roupa, perfumo o sexo, faço simpatias, mastigo cravo, tiro um cochilo à tarde para sonhar com Afrodite - a deusa do amor e me deixo levar pelo afã de saciar um anseio. Ainda que disfarce, deixo visível a esperança de me encontrar comigo na plenitude do amor. Tento resgatar a memória da paixão, do gosto do beijo... Tento. E tentar me alivia, me conforta... Perdida a ilusão do ontem, me reedifico, posto que amanhã é o único dia que pode virar hoje.
E assim, quando hoje chegar e a cor sépia que tinge minhas lembranças voltar a me intimar para o futuro, orarei para Santo Expedito - o santo das causas justa e urgentes, e direi “hodie”, repetindo sua fala diante do corvo que tentou adiar seus planos.

Tio Manduca

Destilar tristezas...

"Me deves mais, me deves as la'grimas que teria derramado se não fossem as doses que bebi para destilar a tristeza."

O beijo pode durar uma eternidade...

"O gosto do beijo pode durar uma eternidade."
Tio Manduca
"o gosto do beijo, o beijo, queima tal qual chama, vivo, não se sabe quando vai findar, tão pouco quando se mudara das vilas da lembrança para o vale do esquecimento. Fugaz, efêmero, gosto do gosto do beijo, pois mais triste que chorar a saudade dos la'bios, seria atravessar a vida sem desfrutar do parai'so que foi te beijar."
Antonio Moraes Filho