Sofro por que um dia fui alguém que conseguia agir e pensar nos momentos
mais difíceis não porque não sofria, apenas, me abstraia da realidade
por força de impulso, que me fazia continuar vivendo.
Hoje que não consigo mais dissociar o sofrimento do outro do meu,
perpetua em mim a angustia alheia, o que me faz crer que
o que mata, que faz o homem sofrer não são as doenças
e sim as dúvidas, a incerteza, a angustia.
Nunca tive medo de morrer, e acho q nunca terei, não sei ao certo
se isso é altruísmo, pois sei que as pessoas que apesar dos meus defeitos,
que nao sao poucos, me amam, sofreriam caso eu as privasse do meu único bem.
Então acredito mesmo que seja egoísmo de minha parte, sendo assim portanto
me resigno a conviver com o sofrimento alheio, mas não me impeça de
ficar triste, de chorar, de ter medo, e de vez por outra
perceber que minha asa está quebrada e que preciso de um tempo para sarar.