quarta-feira, 10 de junho de 2020

"... meu filho."

deixo para ti...
na desgraça dessa guerra..
na fatídica noite e treva,
a beleza do verde dos teu olhos que refletem a pureza de tua petiza alma.

teu sorriso reluzente
de minha sombra carente,
me prende a voz,
me tortura como um nó em nós que de tanto
não se vê, pela falta que faz.

deixo para ti,
o ignorar da contagem de corpos,
a tristeza dos mais  de inúmeros mortos...
lembranças... que saberás apenas por periódicos,
que com o tempo de tão amarelos como meus dentes,
já não te ferirão alma, como feriram, a quem te guardou.

te guardei em segredo
te guardei em meu peito,
te guardei distante
te guardei constante
dentro de mim.

no meu pensamento,
que vê o paraíso em ti, em cada desaviso,
distração, e olhar perdido,
para o horizonte da alma, que anseia contigo estar.

...meu filho.