Hoje me vejo em telas,
sons, em filmes, letreiros e propagandas,
me vejo perdido em um mundo de alta resolução,
alto fluxo de dados,
de pixels,
de conchavos,
boatos,
fofocas que vencem a luz, pois hoje se propagam em fibra ótica,
destruindo reputações, amizades, coleguismos, ideais,
enfim, destruindo o pouco de humanidade que ainda restou.
vejo meus irmãos com medo de dar as mão,
de se entregar, em meio a tanta desilusão,
presos em seus dispositivos móveis, satisfeitos por um contato fútil,
supérfluo e superficial, que beira o diálogo com interfone de um "fast-food" de quinta categoria.
e nesse medo, nos perdemos em abandono,
erguemos muros intransponíveis para nos proteger de nós mesmos,
da entrega,
do saber viver.
E nisso, deixa-se de nascer os Rosas e outros Cartolas,
O parnaso passa a ser uma fantasia longínqua de cujo orvalho jamais desfrutaremos...
E a odisseia de Drummond, um sonho que nunca dormimos para sonhar.