Eis que lanço agora o meu olhar eletrizado sobre a cidade em escombros, enquanto tento esconder ofegantes suspiros digitais. Crio metáforas aterrorizantes diante do abismo insólito que se me abre o tempo, tempo que insiste em me intimar a comparecer diante de uma realidade desconhecida.
Agora, eletrizo os suspiros, enquanto digitalizo o terror impalpável, implacável, pressentível, insólito. Não me pergunte o que fiz de mim enquanto sonhava com o futuro, esse tempo incerto e distante que pelo menos no meu caso, coincide com a tecnologia digital, raio lazer. Meras referências outrora inexistentes, que nos servia de sinais futuristas, aos quais se associavam homens voando, desintegração do átomo, telefone sem fio.
Houve um tempo em que o futuro seria o ano 2000, até então referência temporal abstrata inatingível, do bug, do Armageddon, Juizo Final...
O ano 2000 passou e o que parecia inatingível, inviável, improvável formava o conjunto de referências com as quais se idealizavam o futuro. Seria um tempo distante, mas que hoje coincide com um longo passar de tempo, do que me ocorre uma visão concreta das incontáveis vezes que ouvi as pessoas dizerem “feliz ano novo e feliz aniversário”... Foram tantos, que hoje é fácil imaginar o tanto de voltas que terra deu em seu próprio eixo ou em volta do sol.
É de se crer que muito tempo tenha transcorrido e isso é fato. E hoje, o que se vive, é pelo menos para mim, o que seria o dito novos tempos, uma pretensa nova era que no pretérito deram de chamar futuro.
Tudo isso, hoje, não passa de um insípido e enfadonho gerúndio. Eis pois, que de tão gerundial a vida e de tão inconsistente a espera, desembarquei, pois, no futuro sem saber que o era, com a ousadia de um esteróide em queda livre, porto para destruir minha aldeia...
E assim, com o olhar eletrizado, entre suspiros digitais essa minha explosão interior não passa de uma metáfora aterrorizante com a qual tento enfrentar meu abismo insólito, minhas paixões reticentes, impulsos contidos....
Quanta a alegria a vida me deve!