terça-feira, 3 de agosto de 2010

O papel

Hoje fumei e bebi,
diga-se de passagem não senti alcool em minhas veias.
O cigarro não tinha o mesmo gosto de fuga, liberdade.
A cerveja não me fazia sentir melhor as palavras em minha boca,
não dilatavam meu fígado a se abrir em verbo.
O frio que me levou os pulmões, não me fazia sentir vontade de reaver teu calor
em meus braços. Ou teus braços a me acariciar e me sentir mais aconchegado em teu seio.
Por fim, senti mais uma vez o silêncio de meus pensamentos.
E pedi perdão pela covardia de não adimitir quem sou, de não lutar contra o que vejo,
de questionar. As dores que sinto refletem minha incapacidade de tomar atitudes,
e minha falta de vontade, me leva de volta a prisão de que é vítima meu ser,
meus medos, minhas angústias.
Escuto risos, da calmaria vindoura, e abraço a esperança de que um dia, a dor será nada mais
que fruto de uma saudosa, lembrança do mal necessário, do amadurecer.
Mas me escondo por medo de me levantar e prevalecer frente as dúvidas que me rodeiam
a mente.
Não julgo a atitude alheia, peço apenas paciência, um pouco mais de paciência,
e a capacidade do próximo de entender minha insegurança.
Quando não for mas que osso, eles poderão me levar onde quiserem,
quando não for mais que pensamento, podem me convencer do errado,
quando não for mais espírito estarei em mim mesmo.
Aí então questionarei. Por quanto o silêncio será minha arma,
e a pena meu refúgio.
O papel, nada mais que minha distração.