sábado, 22 de junho de 2013

ENTÃO PENSOU...

"A nau de um deles tinha-se perdido

No mar indefinido.
O segundo pediu licença ao Rei ..."

De repente, um cheiro de fumaça no ar, vindo de um lugar indefinido. Em princípio, parecia o cheiro da bandeira usada num protesto de estudantes, sendo queimada pelos vândalos. Bombas, explosões, palavras de ordem em meio à desordem. Mas o cheiro fica mais forte e ele acorda. O cigarro caiu no tapete roto.  Descobre, então, que torpe de sono, ele não conseguiu terminar de ler o poema de Fernando Pessoa, trecho da obra O Encomberto.  Por instantes, lembrara apenas de haver parado na palavra rei...

Era uma noite fria e chuvosa de um inverno tropical, o suficiente para inibir-lhe o pique aventureiro, sua sanha de caçador, um tanto quanto adormecida pela ressaca moral das reiteradas traições. Não à toa, posto que a mulher amada não o era em si. Era, na verdade, uma concepção idealizada de uma Gioconda, com a voz de "Dulcinéia, a malícia de Frinéia, a pureza de Maria", como ouvia, quando criança, seu pai cantar desafinado durante o banho, a canção Escultura protagonizada pelo cantor Nelson Gonçalves.

Fora acometido por um frenesi caleidoscópio de imagens que lhe ocorreram e se mesclavam a cenas de um vídeo de Engenheiros do Havaí, profetizando, antes do protesto, "que começa achar normal que algum boçal atire bombas na embaixada...".

Pobre aventureiro, pobre caçador, então cansado, vivendo sua ressaca moral, o peso de um dia de trabalho e o agito de um protesto difuso, amorfo, insípido, inidoro. Movidos pela revolta de ver jovens como ele apanhando da polícia, pelo simples fato de estar reinvindicando na rua menor preço nas passagens de ônibus. Incorporou a inquietação dos jovens às suas, que se somaram a outras tantas, que iam desde o anseio de consumo ao vazio sexual, a vacância da afetividade, amor. Revoltas pessoais aglutinando-se a anseios coletivos, que também se confundiam com os seus. O suficiente para, entre torpe, inquieto e sonolento quedar-se inerte. Então pensou – whisky ou Rivotril?

Enquanto buscava a resposta...

Sagrou-se Cavaleiro João de Santo Cristo, banhado no sangue da Legião Urbana que em desespero esperava o discurso de posse do novo Comandante Geral da Terra de Santa Cruz...

Bradou retumbante as margens do Paranoá... percebia-se Vargas e um tal de Juscelino sentados de pés molhados no lago... e servidos cada um de um dose de cachaça de Minas...

Quando o barulho ensurdecedor de um helicóptero, que emergia qual submarino, decolando para permitir que Roberto, vendedor de jornais, vestindo um terno de cor Azul Marinho, filmasse o ocorrido... sendo pilotado por um homem de nove dedos... que contava sobre o "espirituosismo" de tal de Esperidião. Com cinco tiros um em cada presidente...

Pediu ao copeiro chamado Cartola:
- Canta-me a musica das rosas...
               e traz ...

                    ...UÍSQUE E RIVOTRIL

Armando Coelho Neto
                  &
Antonio Moraes Filho

sábado, 15 de junho de 2013

Você vai...


E você vai...
vira a chave do carro e vai...
acelera e não olha pra trás.

Me resta a tristeza, a saudade, a cerveja...
e o meu violão.

... Pra sempre ...


Sei que valho muito pouco...

menos que do que você merece...

menos do que você pode ter a seu lado...
levar as festas... e apresentar a seus amigos...


mas não o que eu sinto... o que penso...
mas não os lugares onde poderia te levar...
o paraíso por conquistar viver... e nele te amar...

pra sempre...

pra sempre...

terça-feira, 11 de junho de 2013

Lembra...

Lembra quando ficavamos abraçados na cama...

nus...

a luz da lua a nos vigiar... testemunhando o amor...

o suor...
os gemidos de prazer...
os movimentos lascivos e repetitivos do meu corpo sobre o teu.

Lembra da paixão em nossos olhos... nossos corpos ardendo como fogo e prontos para queimar em prazer.

Lembra...