sábado, 24 de março de 2012

Tomarei de conta

 
Tomarei de conta
.   [e guardarei para ti.
Tomarei de conta
.   [e ela esperará por ti.
Junto dela lembrarei de ti
.   [amigo de prosa e verso.
Como ela aqui te espero
.   [sem se tratar de mero
.   [colega
.   [em se tratando de amigo
.   [que guarda um tesouro
.   [e a volta do amigo aguarda.
Estarei rodeado de pontes
.   [rios
.   [versos e prosa.
E a pedido de quem te espera
.   [acolher novamente em teu seio
.   [te transmitirei o que dela não irás esquecer.
A poesia do Capibaribe
.   [a prosa do Beberibe
.   [o queijo e o doce da moça Pernambucana
.   [a generosidade do povo
.   [e a hospitalidade do leão do norte
.   [que abriga em seu peito
.   [a terra dos recifes
.   [a mulher que te amou
.   [te deu carinho e te teve como filho
.   [e que vai chorar à despedida
.   [mas que sabe que irás voltar
.   [pois sempre estará contigo
.   [porque te ama
.   [e te quer bem.


...dedicada ao Poeta da Vida (Ismael Alexandrino, me'dico, jornalista e cristão), que já pensa na despedida, mas que sabe que a despedida nada mais é que um até breve.


Imagem: 'Um homem e o mar do Recife' - Ismael Alexandrino (www.cafealexandrino.com)
 

terça-feira, 20 de março de 2012

Selvagem...

Sou um bicho,
    animal, bestial e
    selvagem.
Arisco em todos os
   sentidos.
Voraz em todo
   apetite
e sede de te fazer
   o que desejo(as)...
O que sinto, o
   que quero e amo,

mas não me prenda,
   não enjaule-o,
   coração de fera
      que pulsa e bate
   no peito deste lobo fiel,
arraigado no medo, medo,
   medo de que um dia
      comerei apenas
ração servida
      em tua mão e
contemplarei a
      lua pela fresta
   que restou de minha liberdade.

Então seria apenas um
   Guevara sem
      barba ,
ou um Lenin som
         cabelos grisalhos e longos,
e tu não sentirias nada por mim,

pois haverias de ter matado
   todo selvagem e
      rebelde que havia em mim.

domingo, 18 de março de 2012

Um sonho de escritor...

ou um escritor de sonhos...
Gostaria de escrever meus sonhos, minha ilusões, meu amores e minhas graças. De me deleitar acariciando a pena ou as teclas de meu computador... ou quem sane da ma'quina de escrever que foi de meu avô e esta' guardada na estante, ja' cheia de poeira e solidão...
Mas vivo em agonia, constante du'vida de minha sanidade ou capacidade de viver meus sonhos, e me afogar em um mar, tormenta, que ja' me aconselharam a não mergulhar sozinho... o horizonte de minha mente, confuso e por muito triste por não saber onde e como chegar... mas sinto... que percebo as palavras de maneira diferente, paixão pela sua forma, e tampouco consigo enxergar como os outros enxergam, encaro cada uma como um quadro, uma foto ou algo que ainda não se descreve, cada uma tem personalidade, são constante e variantes em todas as suas nuances e caracteres... seus caracteres não se somam a gerar fonemas, eles não são parte de palavras, ele geram palavras como um consoante ao beijar uma vogal deriva um fonema e dos muitos filhos nascem palavras que amam, e sentem a necessidade que tenho de ama-las.

domingo, 4 de março de 2012

Dia dos Pais



Poesia


Lembro de você e penso na possibilidade

prática do teorema probabilístico de "Chêiquispiri":

"Ser ou nao ser, eis a questão".

Ser ou não ser é a questão.

Mas ser é mandatório,

ser é singularidade,

ser não é opção,

ser é ser,

por si só e sem condições.

Por isso sou!

...

Sou mais você!



Dedico este poema ao meu pai.


Ao som de 'Pai' - Fábio Júnior - http://www.youtube.com/watch?v=YoiDOrL28Rk -
Degustando Café com leite
Fumando Hollywood Original
Imagem:'Pai e Filho' - Fla Barbieri

Confesso que minto...


Confessas a tristeza em descobrir a mentira, confessas a insegurança que isso traz de não saber mais o que pode ou não ser verdade. E me perguntas reprovando parte de meu eu: "Não há nem o que dizer, não é mesmo?". Sem resposta ouço grilos e o silêncio da insegurança e do medo baterem em minha cara, próximo percebo a vergonha a rir de mim e sinto plena vontade subita de correr dali.
Mas depois de pensar, junto com meu travesseiro, lembro de premissa antiga de que "Só a verdade liberta." e te respondo agora que: "Sim. Há o que dizer. E agora sei o que dizer. Posso te contar a verdade. Não posso te contar todas as verdades, até porque o conhecer de toda a verdade não me pertence, mas a verdaed sobre este fato te posso contar." Não recordo bem o que te disse, bem como as tantas versões para a mesma estória que já contei, mas te confesso agora a original e única.
Me olhas com reprovação, e novos grilos são o único som que se ouve, exercitas novamente a arte do silêncio e praticas a capacidade que tens de me fazer querer mais, mesmo tendo medo de admitir isso. Mais uma vez confesso que minto. Mas confesso também que te falei mais verdades que mentiras e que nunca menti quando falei de meus sentimentos, sejam por ti ou por outrem.
Se gosto de contar estórias e usar o verbo para vender flores ao preço de rosas é apenas para te chamar a atenção, algo que não consigo mais deixar de fazer, pelo menos não por enquanto. Lembro do que escrevi a poucas horas em outro poema: "Faça amor não faça guerra, Lute apenas pelo que vale a pena, ou seja, só faça guerra por amor." Confesso que nem mesmo sei se escrevi dessa forma ou se a autoria é minha. para justificar o plágio ou a nova versão, digo meio sem graça, e sem vergonha, que sou: "Fazer o que!? Não tenho memória e sim vaga lembrança."
Confesso mais uma vez que minto, adimito e não me envergonho disso. Até por que todos pentem seja por vaidade, interesse, para proteger alguém da verdade, pela solidão, por medo e até mesmo por amor... Confesso que minto e confesso que nem mesmo sei o motivo de mentir, mas confesso também que espero chegar o dia em que te direi somente verdade: te...

"Once, a pioneer. Twice, a prostitute."...

Disse Jim Morrisson, quando interrogado por um grande, desesperado e quase choroso produtor da TV americana, por ter "gritado" 'sonoramente' irado e desbravador 'high' (alto) durante uma transmissao ao vivo ao cantar com sua banda uma de suas mais famosas melodias.
O problema não foi a palavra propriamente dita, mas sim o contexto em que ela estava inserida. Precedida por um 'get'(ficar), tornava automático a associaçao a drogar-se, que era o que a cançao realmente queria expressar.
Bem ou mal, tal executivo havia alertado que deveriam substituir durante a transmissao aquele promiscuo, perigoso e herege 'verbo' por algo mais light ao inves de alto. Algo interpretado como um contracenso por Jim pois ele deveria achar lógica no fato de que o que é mais leve geralmente está no alto.
Ao fechar delicadamente a porta do camarim onde estava a banda 5 minutos antes de entrarem no ar, o poeta da banda olha para Jim e pergunta: o que faremos agora? - Eu que sei!? Quem escreve as letras e vc! - Responde a voz do grupo, confiando a missao a quem mais experiencia tinha com as palavras.
Por fim de contas. Jim fecha a conta de suas aparições naquela emissora seguindo de maneira ortodoxa a receita da letra original sem tirar nem por virgula ou acento, de madeira, ferro ou plástico biodegradável.
Lembro de escutar o então já caleijado 'producer' sentenciar: "Vcs nunca mais cantarão na TV". Jim com um sorriso misto de pegadinha do faustão e siceridade sarca'stica com pitada de ironia agridoce atesta: "Nós acabamos de fazer isso 'dude'(carinha, meu, mano, irmão)" e encerra o diálogo com o título ou tema deste relato: "Da primeira vez, pioneiro. Da segunda vez, vagabunda." ao pezinho de letra.

O telefone, as cartas e os selos

E' de noite que o telefone parece tão sedutor,
a vontade de escutar tua voz me faz querer render as delicadas teclas e te ligar.

Escrevo-te carta que nunca te enviarei.

Deixei-te ir, deixei-te arrumar as malas e partir...

e so' me consola o telefone, a escrivaninha, a caneta, as cartas, os envelopes e os selos que nunca lamberei.